segunda-feira, 30 de junho de 2008

Cintura Fina I

Mas quem foi que disse que “mulher” é o ser frágil da relação? O despertador encerra o fim do descanso e decreta o início da dura jornada da mulher moderna. “Pé ante pé”, ela se levanta e, lutando contra o sono e a escuridão do quarto, abre o armário e veste a primeira roupa ao alcance das mãos. As crianças ainda dormem, dentre elas, aquela que passou a noite toda querendo “brincar” com você e, terminada a “brincadeira”, quando você achou que tudo ficaria tranqüilo, passou a roncar no seu ouvido como um urso feroz. Enquanto a água do café ferve, você corre até a padaria para comprar o pão quentinho. As roupas, cuecas e uniformes sujos espalhados pela casa, já estão na máquina. Deus abençoe o criador da máquina de lavar roupa, a melhor amiga das mulheres. O chiado da panela de pressão anuncia que aquele será um dia daqueles. Enquanto “as crianças” se arrumam, você estende a roupa no varal e coloca comida e água para o cachorro. Após deixar os meninos na escola, é necessária uma passadinha rápida no supermercado para comprar carne e algumas batatas para o almoço. Já, na caixa registradora, lembra-se que esqueceu de pegar a água sanitária para lavar o banheiro e, principalmente, a lixeira branca próxima ao vaso sanitário, que, sem nenhum motivo aparente, amanheceu toda pintada de amarelo. Do caminho mesmo, através do celular, você dá as instruções para sua assistente e pede a ela que desça para buscar as compras visto que já está atrasada para o trabalho. Durante seu horário de almoço, você sai correndo para fazer as unhas, a sobrancelha e retocar a raiz do cabelo e, já que seu chefe, na última reunião, disse que “a aparência é muito importante na hora de atender os clientes”. Fim de tarde, de volta ao lar, você prepara o jantar, enquanto divide a atenção entre as tarefas escolares dos meninos e o relato do dia a dia estressante e cansativo que seu marido teve no trabalho. As coisas melhoram um pouco quando começa a passar na televisão os gols do campeonato mineiro. Mas, você ainda precisa dar banho nas crianças, convencê-las a escovar os dentes e colocar os pijamas. Tudo fica mais fácil quando você anuncia que irá ler uma historinha. Após ler, pela terceira vez, aquele livro que você já até decorou, as crianças, finalmente, caem no sono. Ao chegar no quarto, depara-se com seu marido totalmente nu, deitado na cama, já impaciente porque você demorou um pouco mais no banho, tendo em vista que precisava depilar as pernas e axilas.

–“ Do que vamos brincar hoje?”.

Frágil é a mãe!

Por: Tarcila Pulain

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